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Alfabetização E Letramento: Concepção E Prática Docente No Ensino Da Língua Escrita
| Content Provider | Semantic Scholar |
|---|---|
| Author | Rodrigues, Isabela Gabriela Do Nascimento Souza, Sirlene Barbosa De |
| Copyright Year | 2017 |
| Abstract | As praticas de leitura e de escrita fazem parte da vida social dos individuos que se encontram imersos em uma cultura onde o escrito configura-se como um dos importantes meios de interacao entre esses sujeitos. Nesse contexto, sao inumeros os usos que os individuos fazem dessas habilidades, entre elas, ler um livro para distrair-se, para aprender ou saber fazer algo, para obter informacoes, para pegar o onibus correto para ir ao trabalho e/ou voltar para casa, para escolher um prato presente no menu de um restaurante, para registrar ideias, fazer anotacoes de algo que nao podem esquecer, etc.; tais atividades constituem-se como “formas de utilizacao social da lingua escrita”, logo podem ser denominadas como praticas de letramento. Por muito tempo, no Brasil, o trabalho com a lingua materna na escola foi marcado pelo ensino da codificacao e decodificacao, nessa perspectiva, ser alfabetizado significava ter a capacidade de ler e de escrever palavras, frases e pequenos textos ortograficos e gramaticalmente corretos, ainda que esses fossem vazios de significados. No entanto, com as mudancas ocorridas no cenario politico, economico e social brasileiro, principalmente a partir de meados dos anos 1980, aliadas aos resultados de pesquisas advindos das areas da Linguistica, da Linguistica Aplicada, da Psicolinguistica, da Sociolinguistica, da Analise do Discurso e das discussoes propostas pela teoria construtivista, compreendeu-se que era necessario formar nao somente leitores e escritores funcionais, mas sujeitos capazes de compreender e refletir criticamente sobre as informacoes que lhes eram chegadas atraves dos textos impressos que circulavam na sociedade. Nesse contexto, os estudos realizados por Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (1985) acerca da psicogenese da lingua escrita, trouxeram implicacoes diretas para o processo de ensino e aprendizagem: deslocava-se agora o foco, o qual estava voltado para o “como ensinar”, para “como as criancas aprendem”, buscando, assim, uma compreensao mais clara sobre a forma como os individuos criam suas hipoteses acerca do funcionamento da lingua escrita. Nessa mesma direcao, tambem a partir dos anos 1980, apoiado principalmente nas ideias de Bakhtin (2000), passou-se a discutir mais fortemente a questao da lingua enquanto “processo de interacao” “exigindo”, mais uma vez, mudancas nas praticas de ensino da lingua escrita na escola, as quais precisavam possibilitar aos alunos compreenderem a funcao social da escrita. E nesse momento que aparece no cenario educacional brasileiro o termo “letramento”, para designar as praticas sociais de uso da lingua escrita em contextos nao escolares. Nessa conjuntura, embora entendendo os ternos “alfabetizar e letramento” como termos distintos e que designam praticas diferentes, assim como bem colocou Soares (2004), sao indissociaveis e requerem um trabalho articulado entre ambos, ou seja, o ensino da lingua escrita na sala de aula deve permitir que os educandos se tornem, ao mesmo tempo, “alfabetizados e letrados”. Diante disso, esse trabalho teve como objetivo analisar as concepcoes e as praticas pedagogicas de uma professora que lecionava em uma turma do 2o ano do ciclo alfabetizador em uma escola da rede municipal da cidade do Recife/PE, no tocante ao ensino da lingua escrita, em busca de verificar em que medida as suas praticas de ensino da lingua escrita se aproximavam da perspectiva do alfabetizar letrando, oportunizando, assim, os alunos perceberem a sua funcionalidade e a finalidade em contextos escolares e nao escolares. Numa abordagem qualitativa, foram realizadas 14 observacoes na sala de aula da mestra, sendo as suas acoes pedagogicas registradas em um diario de campo e gravadas em audio. Tambem foram realizadas entrevistas semiestruturadas durante e apos as observacoes com o objetivo de estabelecermos relacoes mais proximas entre o que ela dizia e o que fazia efetivamente. Apos concluirmos as nossas observacoes, verificamos que o ensino da lingua escrita esteve presente todos os dias em que estivemos na classe da professora e que a mesma propos atividades diversificadas para a sua turma, as quais envolveram desde o trabalho para a consolidacao da aprendizagem do sistema de escrita alfabetica, como, tambem, atividades de leitura/compreensao e de producao de textos. No tocante ao trabalho com a leitura, mais especificamente, a professora propos atividades com objetivos diversificados: ora ela solicitava que os alunos realizassem a leitura para discutir e explorar a compreensao/interpretacao de tematicas e conteudos presentes nos textos abordados, ora para explorar os sons das palavras para ensinar o SEA e, ainda, para verificar a fluencia dos mesmos, na leitura. Nessa perspectiva, ela abordou o ensino de generos textuais variados (carta, reportagem e receitas culinarias), e que ela o fez com o objetivo de explorar, principalmente, as suas funcionalidades e o seu uso social. As atividades de escrita, por sua vez, envolveram a exploracao e a consolidacao do SEA e a producao de textos. Essas ultimas estiveram presentes na rotina da mestra coletas em 9 das 14 aulas por nos observadas e contaram com a escrita e reescrita de cartas, reportagens, noticias de jornal, receitas culinarias e cartazes informativos. Estabelecendo um link entre as atividades propostas pela professora com a maneira como ela as desenvolvia, podemos afirmar que a sua pratica de ensino da lingua escrita buscava uma aproximacao com a perspectiva do letramento, ou seja, verificamos que a mesma, sempre que possivel, buscava alfabetizar os seus alunos dentro do contexto das praticas sociais de leitura e de escrita e que a mesma compartilhava da ideia que aprender a “tecnologia da escrita” nao garantia ao individuo ter a competencia de usa-las para envolver-se em praticas sociais onde a escrita encontra-se presente. Assim, finalizando esse estudo, verificamos que a aprendizagem do SEA nao se constituia como o principal objetivo a ser alcancado pela docente para a sua turma, antes, ela com o intuito de formar leitores e escritores criticos e atuantes na sociedade, explorou diversos generos textuais variados, os quais se encontram presentes no cotidiano das pessoas, abordando desde os seus aspectos estruturais, ate as suas funcionalidade e finalidades, levando os discentes a perceberem que existia uma relacao entre os saberes ensinados na escola e aqueles aprendidos fora dos seus muros. Observamos, tambem, que assim como apontaram os resultados das pesquisas realizadas por Albuquerque (2000), Coutinho-Monnier (2009), Ferreira (2004) e SOUZA 2010 e 2016, a professora nao fazia uma transposicao direta do que era discutido no meio academico, ou ainda do que era transposto no/para os textos teoricos, antes, ela reinterpretava essas “orientacoes” e (re) construia as suas praticas pedagogicas, tomando por base, tambem, as praticas outras por ela ja experimentadas e validadas no decorrer do exercicio da sua profissao, vindo a confirmar, assim, a teoria defendida por Chartier (2007) de que os professores, no momento em que constroem as suas praticas de ensino, dao uma atencao maior as “receitas” que foram por eles validadas durante a sua atuacao na sala de aula e pelos seus colegas de profissao. |
| File Format | PDF HTM / HTML |
| Volume Number | 1 |
| Alternate Webpage(s) | https://www.ufpe.br/documents/39399/2404382/RODRIGUES;+SOUZA+-+2016.2.pdf/4f063cc0-3b2b-44c8-a666-60b80b7ed495 |
| Alternate Webpage(s) | https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistasemanapedagogica/article/download/235973/28739 |
| Language | English |
| Access Restriction | Open |
| Content Type | Text |
| Resource Type | Article |