Loading...
Please wait, while we are loading the content...
Assistência em saúde às travestis na atenção primária: do acesso ao atendimento
| Content Provider | Semantic Scholar |
|---|---|
| Author | Sehnem, Graciela Dutra Rodrigues, Rodrigo Araújo Lima Lipinski, Jussara Mendes Vasquez, Maria Eduarda Deitos Schmidt, Alessandra Gerson Saltiel |
| Copyright Year | 2017 |
| Abstract | Objective: to know the health care of transvestites, from the point of view of nurses, in primary care. Method: descriptive, field study, with qualitative approach. Participated ten nurses linked to Family Health Strategies. Data were collected through a semi-structured interview. The analytical procedure adopted was the Thematic Analysis technique. Results: primary health care was not the gateway for transvestites to health care, since they are unstructured to serve this population. The welcoming was presented as a tool for the implementation of transvestite care. Conclusion: the study showed that health care actions aimed at the care of transvestites are not developed. The few initiatives that were presented occurred in an isolated and fragmented way, from the individual initiatives of some nurses. Descriptors: Comprehensive Health Care; Gender Identity; Nursing; Primary Health Care. RESUMEN Objetivo: conocer la asistencia en salud a las travestis, en la perspectiva de los enfermeros en la atención primaria. Método: estudio descriptivo, de campo, con abordaje cualitativo. Participaron diez enfermeros vinculados a las estrategias de salud familiar. Los datos fueron recogidos a través de entrevista semiestructurada. El procedimiento analítico adoptado fue la técnica de análisis temático. Resultados: la atención primaria en salud no se constituyó como una puerta de entrada de las travestis para la asistencia de salud, el servicio no es desestructurados para atender población. El acogimiento se ha presentado como una herramienta para la implementación del atendimiento a travestis. Conclusión: el estudio ha demostrado que las acciones de asistencia a salud no son desarrolladas, ni direccionadas para el atendimiento a las travestis. Las pocas iniciativas que se han producido de manera aislada y fragmentada, a través de iniciativas individuales de algunos enfermeros. Descriptores: Atención Integral de Salud; Identidad de Género; Enfermería; Atención Primaria de Salud. Enfermeira, Professora Doutora, Curso de Enfermagem, Universidade Federal do Pampa Campus Uruguaiana/UNIPAMPA. Uruguaiana (RS), Brasil. E-mail: graci_dutra@yahoo.com.br; Enfermeiro, Hospital Santo Antônio. Blumenau (SC), Brasil. E-mail: enf_rodrigues@hotmail.com; Enfermeira, Professora Doutora, Curso de Enfermagem, Universidade Federal do Pampa Campus Uruguaiana/UNIPAMPA. Uruguaiana (RS), Brasil. E-mail: jussaralipinski@gmail.com; Acadêmicas, Curso de Enfermagem, Universidade Federal do Pampa Campus Uruguaiana/UNIPAMPA. Uruguaiana (RS), Brasil. E-mails: maria.eduardadeitos@gmail.com; alessandraschmidt1988@hotmail.com ORIGINAL ARTICLE Sehnem GD, Rodrigues RL, Lipinski JM et al. Assistência em saúde às travestis na atenção... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 11(4):1676-84, abr., 2017 1677 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.9763-85423-1-SM.1104201716 A construção do conceito de saúde como direito social estruturou-se na realidade brasileira em um passado recente por meio do Artigo 196 da Constituição Federal de 1988, ampliando seu significado com o advento do Sistema Único de Saúde (SUS). Sistema que, para a obtenção da assistência integral à saúde dos cidadãos, tem como pressupostos a participação social, bem como a articulação entre os princípios de universalidade, integralidade, equidade. O SUS busca consolidar o papel a ser exercido pelo Estado na formulação e implementação de políticas sociais e econômicas que visem à melhoria de vida e saúde dos diferentes grupos sociais, considerando-se suas necessidades de saúde igualmente diferenciadas. Justamente pensando em tais particularidades, que se fez necessária a formulação de novas políticas para a assistência a demandas específicas. Assim, no ano de 2011, o Ministério da Saúde apresentou a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Esta política reflete a luta por direitos iniciada por movimentos da população de Lésbicas, Gays, Bisexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), estruturados a partir do “Brasil sem Homofobia: Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra LGTB e de Promoção da Cidadania Homossexual”. Este programa objetiva a promoção da cidadania LGBT a partir da equidade de direitos e do combate à violência e à discriminação homofóbicas. No que diz respeito a esta população, mesmo diante de sociedades com avançadas medidas protetoras aos direitos humanos, a discriminação e o estigma relativos ao exercício não-heteronormativo da sexualidade e às questões de gênero ainda se fazem presentes, constituindo barreiras simbólicas ao acesso aos serviços de saúde para esta minoria. Tais barreiras são, especialmente, agravadas quando relacionadas ao grupo identitário de gênero das travestis, a partir de determinantes como: a necessidade de atendimento de demandas especializadas, a homofobia, a correlação estigmatizada deste grupo com a prostituição e infecção por HIV/Aids e os processos discriminatórios relativos aos demais marcadores sociais, como níveis de renda e de escolaridade, raça/cor e aparência física, entre outros. A figura da travesti rompe com o binário de gênero e sexualidade tradicionalmente construído, por meio da vivência da feminilidade em um corpo (biológico) de homem, com características femininas tanto quanto masculinas, coexistindo homem e mulher. A travesti constitui-se, assim, como um “ser diferente”, “fora do comum” e aquém do modelo restritivo pactuado pela sociedade. Esta constituição identitária configura-se como uma vulnerabilidade no enfrentamento dos processos de saúde-doença nos cenário de assistência saúde, tendo em vista a existência, por vezes, de preconceito nos discursos e condutas dos profissionais atuantes nestes serviços, bem como os valores que permeiam as instituições de saúde no que diz respeito às conformações de gênero e ao tratamento dos usuários de acordo com padrões de heteronormatividade. Desse modo, o distanciamento e a exclusão das travestis dos serviços de saúde decorrem do estabelecimento de ambientes hostis e desacolhedores para a assistência, em franco desacordo à integralidade do cuidado e ao exercício da cidadania deste grupo. O cenário da Atenção Primária à Saúde (APS) ganha destaque para a efetivação de tais preceitos, devido à sua posição como a porta de entrada e comunicação dos usuários com toda a rede do sistema de saúde, atuando de forma descentralizada e capilarizada próximo ao cotidiano dos sujeitos no âmbito dos princípios do SUS. A APS precisa organizar-se a partir das necessidades de saúde dos usuários, na perspectiva de acolher, corresponsabilizar, propiciar resolutividade e autonomizar. O enfermeiro se constitui como profissional importante para esta articulação, pois atua diretamente na gestão, no planejamento e na execução de atividades nos espaços de atenção primária em saúde. Nestes espaços, têm como competências gerais buscar uma atuação respaldada na ética, nos valores e princípios; promover o comprometimento com a saúde, como direito individual e coletivo; ser responsável pela atenção à saúde e contribuir para a sua organização; conhecer a comunidade e estabelecer vínculos; promover ações de prevenção e proteção à saúde; identificar os problemas de saúde; trabalhar com grupos, respeitando e interagindo com as diferenças culturais; demonstrar conhecimento dos problemas da saúde da população, bem como dos determinantes sociais. No que diz respeito ao acompanhamento das travestis pelos enfermeiros, percebe-se que a realização do acolhimento humanizado, a formação de vínculos entre a usuária e o serviço de saúde, o esclarecimento de dúvidas e, sobretudo, o atendimento resolutivo de INTRODUÇÃO Sehnem GD, Rodrigues RL, Lipinski JM et al. Assistência em saúde às travestis na atenção... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 11(4):1676-84, abr., 2017 1678 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.9763-85423-1-SM.1104201716 suas demandas são fundamentais para assegurar a efetivação do cuidado integral, universal e equânime. Portanto, considerando-se as necessidades de saúde das travestis e a importância de visibilizá-las nos serviços para um cuidado integral, este estudo buscou responder à seguinte questão norteadora: De que forma acontece a assistência em saúde às travestis na atenção primária? Para responder a esta questão, o estudo objetiva: ● Conhecer a assistência em saúde às travestis, sob a ótica dos enfermeiros, na atenção primária. Estudo de campo, descritivo e com abordagem qualitativa, realizado em Estratégias Saúde da Família (ESF) da área urbana de um município do Sul do Brasil. O cenário desse estudo justifica-se pelo fato de que as ESF constituem a porta de entrada e comunicação dos usuários com toda a rede do SUS. Foram selecionados para participarem deste estudo dez enfermeiros atuantes nas referidas ESF. O dimensionamento da quantidade de sujeitos pesquisados seguiu o critério de saturação dos dados. A saturação dos dados se caracteriza quando nenhuma informação nova é acrescentada ao processo de pesquisa, denotando que o pesquisador conseguiu compreender a lógica interna do grupo ou da coletividade em estudo. No que tange aos critérios de inclusão dos participantes, foram considerados os seguintes: ser enfermeiro, estar vinculado às ESF da rede de atenção primária do município supracitado e estar ativo no período da coleta das informações. Diante disso, portanto, foram excluídos enfermeiros que estivessem afastados por férias ou licenças. Os enfermeiros foram convidados a participar do estudo a partir de convite realizado pessoalmente. Nessa ocasião, foram apresentados o objetivo e a metodologia do estudo, com o esclarecimento das dúvidas, e foi combinada uma data para a realização da entrevista, conforme a disponibilidade de cada enfermeiro. A produção de dados foi realizada no primeiro semestre de 2015, por meio de entrevistas semiestruturadas que seguiram um roteiro previamente definido que serviu como fio condutor para o foco do est |
| Starting Page | 1676 |
| Ending Page | 1684 |
| Page Count | 9 |
| File Format | PDF HTM / HTML |
| Volume Number | 11 |
| Alternate Webpage(s) | https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/download/15238/18014 |
| Language | English |
| Access Restriction | Open |
| Content Type | Text |
| Resource Type | Article |